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12/03/2019

Produtora de Araruna vira exemplo para agroindústria familiar paranaense

Produtora de Araruna vira exemplo para agroindústria familiar paranaense

Uma senhora de bem com a vida, exemplo de dedicação e amor ao campo, tia Chica ganha a vida produzindo doces e conservas e sua propriedade que se tornou ponto turístico em Araruna,o empreendedorismo dela é referência para a agroindústria familiar do Paraná. Professora aposentada Francisca Nunes Alves, 74, mais conhecida como “Tia Chica dos Doces”, apelido dado por ex-alunos, é casada com Vivaldo Silvestre Alves, 78,

A 44 anos, compraram uma área de 1,5 alqueire em Araruna, distante 12 quilômetros de Campo Mourão, onde deixam registrada a história de vida do casal. Neste período, a agro empreendedora levou o nome da cidade e da região além das fronteiras do Estado, na sua agroindústria familiar, Tia Chica fabrica os doces como frutas de produção, colhida no sítio.  As frutas recebem todo cuidado desde o plantio das mudas até a colheita dos frutos,tendo assistência dos extensionistas do Instituto Emater, do município e região, os produtos são livres de agrotóxicos. “Tudo que transformamos é da nossa plantação sem agrotóxicos e sem conservantes, a gente leva o cuidado com o meio ambiente e com a alimentação muito a sério, por isso é tudo feito com muito amor, carinho, e segurança”, garantiu.

As frutas são transformadas por ela em verdadeiras delícias do campo, como doces compotas, geleias, entre outros e são comercializados em supermercados de Campo Mourão, Peabiru, Araruna e Engenheiro Beltrão, por falta de mão de obra as vendas não são ampliadas para outras cidades. A propriedade do casal, chamada de Chácara Paraíso, se tornou um cartão postal na cidade. Para chegar ao local é preciso passar por um túnel formado por dezenas de árvores, as flores, a pequena cachoeira e o cantar dos pássaros são atrativos à parte, mas o que chama mesmo a atenção é a variedade de frutas cultivadas, sãomais de 400 pés com mais de 80 variedades como banana, caqui, tangerina, goiaba, ameixa roxa, figo, mamão, entre outras. “A variedade é grande. Todas essas frutas são usadas para produção de doces”, ressaltou Tia Chica. O pomar está numa área de meio alqueire, dividindo espaço com a plantação de verduras e com a fábrica de doces caseiros e conservas, que produz uma diversificada linha de alimentos.O alqueire restante é destinado a outros plantios. “Grande parte das coisas que precisamos para nossa sobrevivência é produzida na nossa propriedade. Isso vai desde o arroz, o feijão e até mesmo o café, “Só vamos ao mercado para comprar o sal, açúcar e o que não produzimos na chácara”, diz. 

Tia Chica lembrou que quando começou o projeto da agroindústria, há 16 anos, fabricava apenas doce pastoso de abóbora e mamão, mas que hoje tem 33 produtos diferenciados, entre doces, geleias, conservas, compotas, colorau, temperos, entre outros. “Temos mais ideias vindo por aí”, adiantou. Ela informou que está com um projeto junto a Emater para ampliar a agroindústria, com recursos do “Pronaf Investimentos”, programa nacional de fortalecimento da agroindústria familiar.

A empreendedora lembrou que desde que iniciou o projeto de sua agroindústria em parceria com o Instituto Emater, sua propriedade foi transformada. “Quando compramos a área não tinha um pé de nada, tinha até chiqueiro de porco na beira de rio. Hoje está toda arborizada e diversificada”, frisou. Ela disse que o sonho de construir uma casa nova também está se realizando após 50 anos morando em uma mesma residência, o que vai tornar a vida do casal mais confortável. “A Emater tem sido imprescindível em tudo dentro da propriedade, se não fosse esta parceria já teríamos fechado as portas, a porteira, e tudo”, falou. 

Uma guerreira chamada Tia Chica

Francisca é uma guerreira. Foi professora dos 17 aos 44 anos, ensinando sempre na mesma escola. Quando terminava a aula, começava seu segundo turno de trabalho: ajudar o marido na roça. Os dois moravam na casa da escola e sempre lutaram para comprar uma chácara, que era o seu sonho. O primeiro ‘baque’ veio em quando eles estavam casados há cinco anos, em 1971. Francisca teve uma doença grave e foi preciso fazer o tratamento em São Paulo. “Tive que vender tudo o que já tínhamos conquistado. Mas depois de várias cirurgias e mais de um ano de internamento eu fiquei boa e recomecei tudo com ele: a escola e a lavoura”, recorda antes de dizer que na época as únicas ferramentas que possuíam era uma enxada e uma plantadeira tipo matraca.

Em 1976 conseguiram realizar o primeiro sonho que era ter a terra. “Nossa condução era uma charrete com tração animal. A luz era lamparina ou lampião a gás e só em 1986 já com luz elétrica mudamos para a chácara e pude construir uma pequena casa onde moro até hoje”, lembra. O verde das folhas contrasta com o roxo das primaveras e o vermelho dos antúrios. Logo que se aposentou como professora, mais um problema de saúde a obrigou a fazer uma cirurgia. “Foi muita dor e sofrimento até 1996, as mudanças inesperadas a levaram a uma depressão profunda. “Mas nas profundidades desse poço, encontrei água limpa para recomeçar, sempre com Deus e meu marido do lado. “ Como uma forma de se reencontrar, em 2003 ela participou de mais um curso de doces e compotas. “Foi nessa época que a agroindústria “Doces e Delicias da Tia Chica” começou a surgir. ” O cadastro no programa Fábrica do Agricultor, da Emater, foi mais um passo. “Não parei mais, sempre procurando fazer bem feito com garra, determinação, otimismo e criatividade” Os cursos para melhorar também continuaram acontecendo e ela recebeu o certificado de gestão e boas práticas da fabricação pelo Sebrae. Outro curso que participou foi o Empreendedor Rural, promovido pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep). “Consegui superar todos os desafios. Quando surge mais um eu digo que vou vencer”, relata. 

Os produtos que saem da chácara para feiras e supermercados são todos sem agrotóxicos ou conservantes. A pequena propriedade vive recebendo visitas de pesquisadores, estudantes e pessoas interessadas em levar sua experiência para implantar em outras regiões. O local recebeu o nome de Paraíso, justamente o que representa para seus donos Vivaldo e Francisca. “Faço muitos planos para o futuro, embora já tenha idade, suficiente para saber envelhecer. Dificuldades sempre vão existir, “já somos vencedores por estar vivos e com saúde”, argumenta. A produtora diz que gosta muito de ensinar e compartilhar. “O que aprendemos não deve ficar só para a gente”, comenta. Todo o trabalho de Francisca foi corado com o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, em 2013. Na época, recebeu 6.642 inscrições em todo País, sendo 402 do Paraná e 52 da região noroeste do Estado. 

O anúncio das vencedoras da etapa estadual foi feito em Curitiba. Em março de 2014, Francisca e as vencedoras nas demais categorias representaram o Paraná na etapa nacional, em Brasília. “O prêmio mostrou que estamos no caminho certo e nos incentivou a continuar”, falou dona Francisca. O Prêmio visa reconhecer empresas que, em especial, utilizam com eficácia ferramentas de gestão. “Com o conhecimento que a Emater já tinha repassado para a gente aceitamos o desafio. Valeu muito à pena, conseguimos vencer a etapa estadual e ficamos para a nacional”, lembrou. O Prêmio é uma parceria do Sebrae Nacional, Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais do Brasil e Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Para auxiliar na divulgação estadual, o Sebrae/PR conta com o apoio do Conselho Estadual da Mulher Empresária (CEME).

O gerente regional da Emater, Jairo Quadros, comentou que dona Francisca é uma produtora tradicional em toda a região. Segundo ele, desde 1967 ela participa de cursos da Emater, sempre buscando melhorias da qualidade dos produtos e apoio na questão de produção, buscando novos mercados. “A Emater faz os projetos, acompanha e presta assessoria ao casal, que representa a região em vários eventos principalmente nas feiras de sabores Estado e até fora do Estado”, falou Quadros, ao ressaltar que a propriedade do casal virou referência estadual, outra conquista importante de Dona Francisca, segundo Quadros, foi a conquista do Selo da Agricultura Familiar do Governo do Paraná.

Recebem este reconhecimento somente produtores que trabalham dentro da legislação e que têm padrão de qualidade. “Os produtostêm código de barras podendo acessar a mercados institucionais e convencionaislevando sua marca marca, do município, e da região além das fronteiras do Paraná, tendo participado de feiras em outros estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, entre outros e vendido produtos até para fora do Brasil”, observou.

 

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Fonte: CAMPO MOURÃO | CIDADE PORTAL | TRIBUNA DO INTERIOR - WALTER PEREIRA

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